Lula tinha estilo,mas não era só estilo.
Lula andava sempre na moda,mas não era de modas.
A década de 80, inesquecível pelos bigodes farfalhudos, penteados ridículos, sintetizadores, os caracóis de João Broas Pinto, gravatas fininhas, José Cid, Heróis do Mar, Júlio Isidro, relógios com calculadora Casio e sapatilhas Sanjo, estava a chegar ao seu final. Para celebrar o advento da nova década, o Brasil, país irmão e pátria de Dacroce, enviou-nos um presente.
Alvíssaras!A quase bela Vila Nova de Famalicão, sempre ambiciosa e orgulhosa, foi a destinatária deste presente de bigodinho cuidado. Altos voos previam-se para o FCF. A terceira Divisão Nacional era um palco pequeno demais para este horto municipal de verdejantes e frondosos talentos, e a ascenção meteórica deu-se com toda a naturalidade.
Contando com talentos como o marialva Ben-Hur, o talhante Tanta, o possante Medane, o simbólico símbolo Carlos Fonseca, o errático goleador e benfiquista desde pequenino(tal qual Mike Tyson) Celestino, o calvo estratega Cacioli, Genaldson Sousa e o velocíssimo madridista Carlos Secretário, a equipa de Famalicão brilhou cromáticamente durante o início da década de 90 na liga maior da bola lusitana. Arrisco mesmo a dizer que juntamente com o Leça, a agramiação famalicense é o maior viveiro de cromos da bola lusa, segundo o medidor oficial internacional da FIFA do rácio Épocas na I Liga/Cromos no Plantel.
Tanta coisa para agora estarem de volta às divisões secundárias e contarem com jogadores chamados Kiwi e o camandro. Enfim. Voltando à lula fria.
Lula era a tampa que impedia os avançados adversários de meterem a mão no jarro. Como se quer numa boa tampa, Lula era duro e difícil de abrir. Inflexível e mantinha os alimentos em pleno ponto de rebuçado.
Fazendo uso da sua ruiva carapinha, um bom sentido de canela e um bigode afirmativo, Lula deu o salto. Não um salto tipo cabeçada do Mantorras, quando tinha dois joelhos(deixem jogar o Mantorras!!), mas um salto para um grande clube. Mas que um, para ser exacto. São Paulo, Santos, Sporting e FCP deram guarida a este vagabundo da bola, com mais ou menos sucesso. Perdão, com menos ou menos sucesso.
Já numa fase posterior à aventura famalicense, Lula trocou o look mandarim por uma frondosa mullet, que teimava em pentear nos intervalos de agressão aos desamparados corpos adversários. Foi mais um fim de bigode.
O desbastar de pilosidades supra-labiais leva à desgraça bolística. Perguntem ao Lula.
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